Influenciados por bandas como Dead Kennedys, Husker Du, Dinosaur Jr. e Garage Fuzz, a banda de hardcore Rebelde Sem Calça lança seu primeiro EP. As letras são carregadas de criticas sociais e revoltas, que casam perfeitamente com os instrumentais e nos impactam de forma autêntica, nos fazendo refletir sobre nosso modo de vida.

Com agressividade, a primeira faixa em seu conjunto (letra e instrumental) critica e escancara o estupro, cometido por quem diz ser racional. É um grito de revolta contra os que colocam a culpa da vitima e agem como um animal. A pancadaria instrumental combinada com as vozes femininas transmite a raiva que move essa revolta, a raiva que sentimos quando ouvimos ou vemos um ato de violência contra uma mulher. Sem Respostas é um grito de indignação de todos que não admitem que existam 12 mil mulheres agredidas por dia no Brasil.

Frustração é um sentimento que temos constantemente em meio a sociedade em que vivemos. Um sistema que não nos contempla, um governo que não nos representa, opressão e tentativas de normatização por todos os lados. Em meio a todo esse caos, existem as pessoas que fazem de tudo para se enquadrar, e as pessoas que são vistas como aberrações sociais, mas que não admitem viver de maneira hipócrita e imprópria. Então, quem são as verdadeiras aberrações? Frustração é uma critica ácida te faz pensar em que tipo de pessoa é você, além de te fazer refletir se você está sendo quem realmente é.

A terceira faixa do EP fala sobre os conflitos ideológicos atuais, sobre textões e discussões que mobilizam um ódio irracional e transformam o que deveria ser debate em uma verdadeira guerra. A vida liquida pós-moderna sustenta o fato de que, para alguns, o melhor lado é simplesmente o que digita melhor. O sarcasmo da letra é reforçado pelas entonações silábicas do vocal.

(Auto) à Julia fala sobre uma gravidez inesperada e julgamentos infelizmente esperados. Além do abandono por parte do pai (o tipo de abordo legalizado no Brasil), Julia tem que conviver com olhares e palavras taxativas, como se a culpa fosse somente dela. Mas ainda há esperança. Não sabemos se Julia abortou ou escolheu ser mãe, mas essa é uma escolha DELA, “E as pessoas que se danem então / É o seu futuro e o seu ventre”.

Desolado nos remete a mesma sensação angustiante de Frustração. É sobre a sociedade que tenta consumir nossas almas, e sobre nossa revolta e resistência frente a isso. Estamos cansados de ver pessoas que não vivem, só respiram; que não são capazes de fazer nada por autenticidade. Cansados das tentativas de nos enquadrarem nesse sistema medíocre que objetifica pessoas e fetichiza mercadorias.